quinta-feira, 19 de junho de 2008

O crime organizado no Brasil tem solução?

O filme Tropa de Elite mostra a realidade consistente do que é viver em uma sociedade marginalizada, pela escravidão de um estado falido e sem perspectiva de solução a curto prazo.
A ação freqüente da polícia militar do Rio de Janeiro encabeça total despreparo emocional e psicológico no combate ao crime organizado, onde se prevalecem a estrutura das drogas e o desequilíbrio das instituições.
Ao se deparar com uma cabeça ferida de um nascimento da vida, que atirar em qualquer lugar no Rio, é combater o tráfico e livrar a cidade de bandidos.
Muitas vítimas que são acometidas por tiros em favelas, são o retrato do despreparo dos policiais e uma forte ausência do Estado na sociedade. Isso se vê nas políticas públicas de moradia, saúde, educação, falta de emprego... Etc.
Ao se deparar com o viciado em drogas, estamos diante de um consumista, e um ser anti-social ninguém tem dúvidas. Mas afinal quem compra as drogas? É o momento de se refletir e analisar com muita seriedade e compromisso de solução avista.
Crianças que são submetidas aos donatários do poder das drogas, que são facilitadores e responsáveis pela continuidade e distribuição deste malefício que deteriora o ser gente, incapacitando a recuperação de uma sociedade que se afunila cada instante num buraco sem saída.
Meninos que são apenas meninos, mas que aprenderam a conviver com o mundo marginalizado e cruel. São dependentes do tráfico, precisam e dependem destes marginais que alegam seu poder, como forma de conseguir a sua própria estrutura de poder.
Atrás de uma compra ou venda de drogas, está sendo alimentada uma cadeia, que se rejuvenesce a cada instante, onde empresários, políticos e parte da sociedade, alimentam com poder de fogo a comercialização para fortalecer sua estrutura de poder, barganhar grandes fortunas.
Ao se falar nas elites, não se trata de generalizar. Elites é uma categoria que se apropriou do Estado e faz do Brasil uma espécie de roça de cana onde escraviza o seu povo, como forma de sustentar seu poder.
“A psicologia social deste século nos ensinou uma importante lição: usualmente não é o caráter de uma pessoa que determina como ela age, mas sim a situação na qual ela se encontra”, Stanley Miligran (1974) Psicólogo Americano.
O filme TROPA DE ELITE é um atestado da falência do Estado. Onde a presença culmina a violência e a barbárie.
O modelo que muitos jovens, aderem, mostram o total abandono do Estado, “onde a idéia, é que tirando alma, a consciência e o caráter das pessoas, tentando transformar a todos numa legião de zumbis que não pensa, mas sim, agem com naturalidade diante de qualquer obstáculo avista. Não se pensa se age, não fale, porque morre, e se ouvir fique calado. Faça de conta de que não viu, é a arma do silêncio. É assim que funciona o crime organizado.
O filme Tropa de Elite que chamou a atenção dos brasileiros e estrangeiros mostra com veracidade, quando detém um escárnio ao mostrar que bandido é bandido, e ignora qualquer ação do Estado no intuito de mostrar seu poder de transformar um povo, em heróis do futuro, e sim, é meta das autoridades combaterem o crime com armas, trazendo consigo o ódio e o medo que se alastra em toda a sociedade marginalizada.
O que vemos, é o comportamento avesso, de que algo parecido sempre será o mesmo. É como dizer: “pena que você continua sem entender”. O que muitos políticos acham que é mudar através de uma eleição que se vai resolver tal situação. Seres humanos nessa história não existem. É apenas mais números para os BOPES da vida são apenas a face fisível da barbárie dessa gente. O BOPE e TROPA DE ELITE são a face vergonhosa de um modelo falido e sem competência de dissipar com determinação e coragem de mudar um sistema que já faliu e não cumpre mais seu papel de transformação.
A estrutura personalizada do sistema implantado visa à ação a projeção extremamente preponderante, de um meio onde prevalece a lei do silêncio. Diante de tal fato, os aspectos psicológicos, as personalidades e conflitos internos são mais incisivos, para focalizar a Elite que é capaz de fomentar e destruir através do seu poder de ação, mover tudo que possa atrapalhar seu caminho, “esse é o sistema imperado”.
Nesta contextualização Tropa de Elite, mostra com bastante clareza, o sistema escancarado como o “sistema vive para alimentar o sistema”. É a construção da identidade de cada cidadão que, margeia na criminalidade, onde seu propósito é a continuidade de levar o sistema a preço de custo, onde vidas são cerceadas pelo poder da destruição das drogas.
Dentro da realidade contextualizada, se vê com determinação milhares de policiais que são fantasiados, para impor com neutralidade sua conduta performance, que logo após descobre-se totalmente equivocado na sua afirmação posterior. As causas que levam muitos destes guerreiros, que acabam não suportando tanta pressão, se tornando mais uma vítima de um sistema falido e deteriorado a fomentar mais desgraças no meio social.
O retrato da vida de muitos jovens, centenas deles de classe média, que possuem estrutura familiar estável, mas existe a festa consumidora das drogas, que para isso detém em suas mentes a construção de algo como se fosse um ser “herói”, isso imprime a vontade de buscar dinheiro, como exercício de conquistas e vitórias, no qual a leva centralizar suas ações em deterioração de seus princípios.
Dentro de seus objetivos de fuga, o qual se justifica pelo desejo do bem estar que a droga lhes oferece. Assim, caminham para sua autodestruição. É importante salientar que eles seguem esse caminho por própria escolha. Eles não conseguiram obter a garantia das autoridades de darem a dignidade como instrumento de conquistas.
Para muitos o isolamento é a arma onde as pessoas se reservam no direito de conquistas de seus próprios desejos e vontades, através da depressão e o stress, doença que afeta milhares de pessoas mundo afora.
Não quero afirmar, que há uma generalização, mas é apenas um reflexo do que nos é imposto. Não sei se é pela mídia ou pelo meio em que vivemos, mas é notório de que o “sistema” impõe regras e normas, que para conseguir é preciso deixar tudo e seguir o caminho que lhes é outorgado.
Eis alguns trechos de uma operação ofensiva realizada nos morros do Rio de Janeiro:
“Operação do Bope em favelas do Catumbi deixa dois mortos Cerca de 100 quilos de cocaína e munição foram apreendidos
Rio - Dois homens morreram na manhã desta quarta-feira, durante operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do 1º BPM (Estácio), no Complexo de São Carlos e no Morro da Mineira, no Catumbi, Zona Norte do Rio.
Cerca de 100 quilos de cocaína, 40 tabletes de maconha, farta munição de fuzil, um revólver 38 e uma pistola foram apreendidos. O secretário de Estado de Segurança, José Mariano Beltrame, apresenta o material no Batalhão de Policiamento de Choque (BPChq).
O objetivo da incursão, que começou às 8h e terminou por volta das 13h, era impedir uma possível disputa pelo controle dos pontos de venda de drogas na comunidade.
Quatro carros blindados e três helicópteros auxiliaram os trabalhos. Cento e cinqüenta homens participaram. O clima já é tranqüilo nas comunidades”.
Estamos diante de uma encruzilhada, onde o clima das drogas enclausura cada vez mais os jovens, e passam acometer atrocidades para seu próprio sustento. Diante de tal situação, é óbvio que a intranqüilidade perpetua entre a população, devido à ausência do Estado.
Esses indivíduos acabam sendo vitimas de uma construção de identidade, que eles mesmos não conseguem sair de seu convívio rotineiro e passam a serem assistidos pela sua própria forma de governar seu próprio ego. É lamentável, que esses indivíduos não buscam a observância de valores, acabam sendo possuidoras de distúrbios psicológicos e que muita das vezes é necessário acompanhamento médico para se reintegrar na sociedade.
O que vemos hoje é uma ostentação ao método BOPE de ser. Muitas perguntas e respostas ficam sem uma solução, pois é alvejado diante de muitos obstáculos, que as autoridades são incapazes de solução imediata.
Ninguém quer discutir sobre os direitos humanos de bandido, o público ruma para outro lado onde gritar no cinema ao ver as cenas de tortura e outras mais violentas gritam “mata... mata...” e aplaudindo gloriam a violência.
A mídia não mexeu só com características sociais e de formação de opinião pública, ela foi além. Tropa de Elite conseguiu transformar o bárbaro em belo, em algo aceitável. Kellner explica que diante de imagens dos meios de comunicação de massa formam-se as representações que ajudam a construir a visão do mundo do indivíduo, senso de identidade e sexo que levam a definir estilos e modos de vida, bem como pensamentos e ações sociopolíticas.
Jovens e crianças são expostos a este tipo de mídia e caminham para que tipo de formação social? Quando as pessoas aprenderem a perceber o modo como a cultura de mídia transmite representações opressivas capazes de influenciar pensamentos e comportamentos, serão capazes de manter uma distância crítica em relação às obras da cultura de mídia e assim adquirir poder sobre a cultura em que vivem. Mas isso é algo que nenhum meio dominante deseja, afinal seria o fim da supremacia sobre o indivíduo.
Tropa de Elite põem em prática uma realidade que não faz parte do cotidiano da sociedade brasileira. Capitão Nascimento virou herói nacional e o público aprendeu a exaltar uma polícia diferente, honesta, justa e forte essas ideologias são capazes de incorporar figuras de modismos que neutralizam e invertem suas conotações originais. Será que a policia deixou de ser o que era? Corrupta, falha, inoperante e ineficaz em virtude do filme?
Freud explica essa diferença essencial que existe desde o início entre o mamífero humano e os demais. Qual seja: além da necessidade biológica, física, de se alimentar para sobreviver, o homem nasce com a capacidade de sentir prazer em várias partes de seu corpo, e a vivência que tem dessa capacidade é tão importante para seu desenvolvimento quanto o alimento.
Os mecanismos pelos quais o ser humano experimenta aquela capacidade de ter prazer são o ponto de partida da teoria de Freud. Ela demonstra como a história de cada indivíduo é não só inseparável da vivência do prazer que tem origem biológica, no sistema nervoso central, mas determinada por ela.
O modo de convivermos com a satisfação e a frustração de nossos desejos define quem somos além de nos diferenciar dos outros mamíferos desde o nascimento.
É por isso que o ser humano é pré-determinado a construir seus desejos e suas vontades, para satisfação seu ego pessoal. O risco que muitos buscam nesta demandada, é questionável, pelo mundo obscuro, sem perspectiva de algo sólido a curto tempo. No entanto, é fundamental ter limites para construção do seu próprio ego, capaz de moldar suas ambições e desejos.

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