Crianças e adolescentes não navegam na web somente em casa.Segundo os especialistas, não adianta proibir o uso da rede.
Crianças e adolescentes não navegam na internet somente dentro de casa. Acessam da escola, da casa dos amigos, do telefone celular e de lojas chamadas lan houses, onde se paga para usar o computador.
É por isso que os especialistas afirmam: como a vigilância absoluta é praticamente impossível, não adianta proibir. Quando o assunto é internet, a relação entre pais e filhos deve ser de muito diálogo e confiança. “As antigas dicas de comportamento que os pais davam devem continuar dando hoje. Por exemplo, jamais aceitar doces de estranhos, não é? Agora, ao invés de doces, jamais aceitar um e-mail de um desconhecido com um arquivo anexo, por exemplo. Jamais aceitar convite de um estranho para encontrar pessoalmente”.
Em Tocantins, uma adolescente se apaixonou pela internet e fugiu de casa. Tomou um susto: o príncipe encantado era muito mais velho. “Eu pensava que ia ser uma coisa boa e acabou sendo uma coisa muito ruim. Ele estava com uma arma. Aí ele falou que ia me matar”. Ela voltou pra casa.
A filha de Elizabete Barbosa de Miranda, não. Em 2001, Luana Carolina, na época com 13 anos, também se encantou por um desconhecido: o "alguém". “A inocência era tão grande que ela me pediu para namorar um Alguém", diz a mãe. Hoje, sete anos depois, os pais e a polícia ainda não tiveram qualquer informação sobre o paradeiro dela. “Eu não sei se ela está viva, se ela está morta, se ela come, se ela bebe, se ela dorme”, diz Elizabete. “É muito comum nos serviços interativos, salas de bate-papo, redes de relacionamento e também comunicadores instantâneos adultos se passarem por crianças para tentar conseguir praticar algum tipo de abuso. Este eu diria que é o risco mais grave.”
Fechando o cerco
Por isso, o Ministério Público resolveu fechar o cerco: a partir desta semana, terá acesso a mais de 20 mil páginas suspeitas de pedofilia do maior site de relacionamentos da internet. Vigilância necessária num ambiente tão amplo quanto fascinante. O casal Sônia e Max tem três usuários da internet em casa: filhos com 15, 12 e 10 anos.
A mãe hoje tem a senha do Orkut de todos eles para, quando eles quiserem entrar, só com a autorização dela.O professor Sérgio Branco, especialista em direitos da internet, foi à casa dos Vila e trouxe um acordo de bom comportamento na rede. “Eu, abaixo assinado, me comprometo a: nunca dar o meu nome completo, endereço, número de telefone, nome de minha escola ou onde fica, nunca enviar fotografias minhas ou de meus familiares para estranhos, pela internet ou pelo correio normal”.
O bom do acordo assinado pela família Vila é permitir que os filhos participem das regras, não como um castigo, mas para se proteger. Se você quiser conhecê-lo, acesse o site do Fantástico. “A internet é algo extraordinário, é algo incrível que o mundo tem para nos oferecer. Se eu puder dar um conselho para vocês, é: usem juntos a internet, descubram juntos para aproximar as pessoas da família e não para separar ninguém”.













