segunda-feira, 23 de junho de 2008

Internacional

A aguardada reunião dos países produtores de petróleo e dos maiores consumidores do produto, realizada no domingo, na Arábia Saudita, teve efeito contrário ao esperado -- ao invés de encontrar saídas para os repetidos aumentos do preço do barril, o encontro, com desfecho decepcionante, acabou motivando novos reajustes nesta segunda. A conclusão dos especialistas é de que a cúpula não resolveu nada: a especulação e a incerteza continuam.
"A reunião não fez nada para conter o preço do petróleo", afirma Victor Shum, analista do setor de energia ouvido pela rede britânica BBC. Pela manhã, o preço do barril de petróleo tipo light para entrega em agosto saltou 2,11 dólares, chegando aos 136,73 por barril. O petróleo tipo Brent negociado em Londres subiu 1,47 dólar, chegando aos 136,33 por barril. O aumento ocorreu apesar da promessa da Arábia Saudita de aumentar a produção em 200.000 barril.



Economia: Fracasso em encontro da Opep faz o petróleo subir


A partir de julho, a produção saudita chegará a 9,7 milhões de barris por dia, um aumento de 500.000 barris desde maio. Mas como a Opep, o cartel do petróleo, acabou a reunião do fim de semana sem concordar num aumento comum a todos os países do bloco, o mercado avaliou que a medida dos sauditas será insuficiente para dar conta da demanda em alta. Outro fator negativo foi a manutenção do fechamento dos campos da Shell na Nigéria.
A produção da empresa anglo-holandesa e também da Chevron está suspensa no país africano por causa de um ataque terrorista contra uma instalação da Shell em Bonga -- foi a primeira vez que os terroristas atacaram uma base de exploração de petróleo no mar. A ação diminuiu em 10% a produção do país. No fim de semana, o grupo que reinvindicou a autoria do ataque da semana passada declarou uma trégua que passará a valer a partir da noite de terça.
Cooperação - No encontro de Jidá, a Arábia Saudita prometeu fornecer mais petróleo em resposta aos pedidos de países consumidores, mas disse que ela sozinha não será capaz de acalmar o mercado. "Nesse momento crítico, a comunidade global deve aumentar a responsabilidade e a cooperação deve ser a pedra fundamental de qualquer esforço", disse o rei Abdullah em seu discurso, pedindo uma iniciativa global de "energia para os pobres".
Grandes produtores e consumidores, além de executivos das principais companhias petrolíferas, se reuniram na capital comercial da Arábia Saudita para tentar reverter o que alguns vêem como o terceiro choque do petróleo. Uma missão brasileira que incluiu diretores da Petrobras participou do encontro. Os países planejam organizar um novo encontro sobre o petróleo em Londres antes do final do ano. O comunicado final pediu menos especulação e mais produção.
"Ouvi boas idéias, mas que provavelmente não mudarão o preço amanhã de manhã", disse Jeroen van der Veer, da Shell. "O que tivemos aqui foi o acordo de que o preço do petróleo está muito caro", disse o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown. Mas um diplomata europeu disse que "o encontro foi "decepcionante". "O único produtor que veio com propostas concretas foi a Arábia. Todos os outros só fizeram comunicados brandos sobre o futuro".

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