quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Aniversário Academia Tocantinense de Letras. Um brinde à literatura do Tocantins.

Em seu 17º aniversário, a ATL consolidou-se como uma entidade séria e, para comemorar, lança hoje, dois livros de imortais ilustres

Lenna Borges
Palmas


A Academia Tocantinense de Letras (ATL) comemora hoje, seu 17° aniversário de criação. Em pauta, às 14 horas, será realizada Assembléia Ordinária para tratar de assuntos como: síntese das atividades da ATL em 2007; calendário das ações da entidade para 2008 e a segunda edição da Revista da ATL.

Já às 20 horas, lançamento de duas obras de escritores-acadêmicos, são elas: Faceta da Vida Cristã, de Margarida Lemos Gonçalves, e Cronologia Histórica do Estado do Tocantins, de Otávio Barros. O evento ocorre na sede provisória da ATL, no Espaço Cultural.

Para o presidente da ATL, Eduardo Silva de Almeida o evento será o coroamento do ano proveitoso para a Academia, uma vez que, em 2007, foram realizadas várias atividades e a instituição foi convidada para participar em todas as ações de diferentes vertentes culturais.

Almeida cita ainda, a continuidade dos projetos que foram relevantes para o bom andamento e visibilidade da Academia, como: o Chuva de Poemas, o Concurso Nacional de Poesia, o Jovem Escritor e a I Caminhada das Letras. “Também vale destacar as reuniões itinerantes que foram ampliadas para todas as cidades do Estado, para a divulgação da literatura nas escolas, com professores e alunos”, reforça.

O presidente lembra também, da participação da Academia em eventos, como: Fest Palmas, o III Salão do Livro do Tocantins e Festa Literária Internacional de Parati (Flip), no Rio de Janeiro, entre outros.

Histórico
Academia Tocantinense de Letras foi fundada em 12 de dezembro de 1990, em Porto Nacional. Atualmente, a sede provisória esta instalada na Biblioteca Jaime Câmara, Espaço Cultural, em Palmas. Idealizada pelos escritores Ana Braga, José Liberato Costa Póvoa e Juarez Moreira Filho, a entidade possui 40 membros efetivos e já teve na presidência Liberato Costa Póvoa, Margarida Lemos, Mary Sônia Valadares, Juarez Moreira Filho e Isabel Dias Neves.

A ATL tem como objetivo a cultura da língua pátria e o incentivo à literatura, com ênfase para a tocantinense. Atualmente, possui 40 membros perpétuos, efetivos ou licenciados, residentes ou que tenham residido por mais de cinco anos no Tocantins.

A atual Diretoria - triênio 2007 a 2009-, é formada pelos seguintes membros: Eduardo Silva de Almeida (presidente), Sebastião Pinheiro (vice-presidente), Dourival Martins Santiago (secretário geral), Margarida Lemos Gonçalves (1ª secretária adjunta), Mary Sônia Matos Valadares (2ª secretária-adjunta), Voltarie Wolney Aires (tesoureiro), Isabel Dias Neves (oradora) e José Francisco Concesso (bibliotecário).

No Conselho Fiscal estão Gilberto Correia da Silva, Zacarias Gomes Martins e Josefa Louça e os suplentes Manoel Odir Rocha, Júlio Resplande de Araújo e Múcio José Brekenfeld Lopes Fernandes.
Perfis
Otávio Barros
Otávio Barros da Silva, fundador da Cadeira 38 da Academia Tocantinense de Letras (ATL), cujo patrono é o jornalista e escritor Oswaldo Ayres da Silva. Natural de Ourinhos (PE), veio para Tocantins em 1972. Quando estudante em Recife foi presidente da Residência Estudantil do Recife, em 1964. Desistiu da faculdade de Filosofia e ingressou no jornalismo. Barros é autor de Dicionário de Tocantins, Literatura Tocantinense, Cultura Popular do Tocantins, Breve História do Tocantins e de sua Gente - Uma Luta Secular, Tocantins - Conhecendo e Fazendo História, Anuário do Tocantins e História da Imprensa no Tocantins. (L.B)
Margarida Lemos
Nascida em Vitória (Espírito Santo), no dia 5 de fevereiro de 1927, Margarida Lemos é pedagoga licenciada pela Universidade Federal do Pará e bacharel em Educação Religiosa pelo The Baptist Seminary Fort Worth, no Estado americano do Texas. Mudou-se para Tocantínia, então Norte goiano, em 1948, onde foi professora e diretora do Colégio Batista daquela cidade.
Sua peregrinação missionária a levou para estados como Maranhão e Pará, nos quais também foi professora. Foi membro do Conselho Estadual de Educação do Tocantins e presidente da ATL. É membro da Academia Palmense de Letras (APL) e foi também diretora do Colégio Batista de Palmas. Publicou a obra Beatriz, a que faz feliz. É membro da ATL, ocupando a cadeira 22, da qual tomou posse no dia 2 de março de 1991.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

domingo, 9 de dezembro de 2007

Jalapão (TO)

Por ainda não possuir uma desenvolvida infra-estrutura turística, Jalapão é um destino designado propriamente para os legítimos aventureiros. Além dos costumeiros esportes radicais, os audaciosos visitantes terão que encarar fortes e tortuosas caminhadas, uma deficiente fonte de alimentos e campings e pousadas rústicas.
Porém, como prêmio, devidamente merecido, ganharão passeios inesquecíveis em dunas alaranjadas, banhos em diversas cachoeiras deliciosas e ainda terão a oportunidade de ver paisagens surpreendentes. A cidade é uma fortuna de ecoturismo que ainda está para ser realmente descoberta pelo Brasil.
Como chegar
Localizada no leste de Tocantins, Jalapão fica a 2229 km de São Paulo, 2380 km do Rio de Janeiro, 1663 km de Belo Horizonte, 820 km de Brasília, 2747 km de Porto Alegre e 1727 km de Salvador.
O melhor modo de seguir de São Paulo a pequena cidade é pela SP-310 até São José do Rio Preto, pela BR-153 até Goiânia, com a BR-060 até Anápolis, voltando então para a BR-153 até Palmas. Pega-se então a TO-050 até a Porto Nacional e de lá siga 132 km pela TO-255 até Ponte Alta de Tocantins. Dessa cidade sai uma estrada de terra que cruza Jalapão. Nesse ponto as estradas começam a ficar mais precárias, então é importante dobrar a atenção.
Para ir via área, há vôos diários à Palmas, de lá deve se alugar um carro ou procurar um ônibus que faça o caminho até a cidade em questão, que fica a 453 km de distância.
Passeios
Há diversas excursões para se fazer em Jalapão, porém todas se resumem na vontade de se aventurar e muito contato com a natureza. Além dos passeios, há também trilhas para trekking e off-road. Só é preciso se preparar antes com um guia, para não acabar se perdendo pelos confusos caminhos da mata e se informar sobre a previsão do tempo (a melhor época para visitar a cidade é de maio a setembro, que é a estação seca).
Para começar existem as cachoeiras do Latejado e do Brejo da Cama, que têm acesso pela Fazenda do Chiquinho, depois de 45 km de estrada. A primeira possui 25 metros e é composta por degraus, resultando em várias quedas. A outra, apesar de também ser muito bonita, possuí apenas 3 metros de altura.
Já a cachoeira da Velha possui duas quedas em forma de ferradura e deságua no Rio Novo. O acesso é feito pela Fazendo Triago, depois de 101 km e tem 25 metros de altura. Outra muito procurada, apesar de ter uma pequena queda, é a cachoeira do Rio Formiga. Suas águas esverdeadas e transparentes chamam atenção dos turistas e valem os 199 km de estrada até São Felix do Jalapão.
Para fortes emoções a dica é escolher o passeio de rafting no Rio Novo. Começando na altura da Ponte do Rio Novo e terminando perto da cachoeira da Velha, ele vai ficando cada vez mais emocionante conforme chega ao final. Além disso, durante o percurso se pode conhecer diversas formações naturais, como o cerrado e os chapadões.
Ainda existem diversas opções, como a gruta de Suçuapara. Com 15 metros de altura e 60 metros de comprimento, forma um cânion com cachoeira com águas calmas e amenas. Há também as famosas dunas alaranjadas, que chegam até a 40 metros de altura e se encontram no km 136 da estrada para Mateiros e o Fervedouro, que é uma piscina natural. Este nome foi designado ao local, pois, por causa do lençol freático que se encontra sob suas águas, elas borbulham, dando a sensação de que está fervendo.
Dicas
É importante ir bem equipado com mantimentos, pois a cidade não é bem estruturada em relação a restaurantes, padarias e supermercados. Outro importante item é gasolina. É bom se abastecer com um galão, além de encher o tanque, pois o último posto fica em Ponte Alta.
Recomenda-se também tomar a vacina contra febre amarela dez dias antes da viagem a Jalapão, pois é uma área considerada de risco por causa de suas matas e rios, que podem conter a presença natural de vírus.
Informações turísticas: (11) 3819-4600

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

O português falado no Brasil é talvez o mais rico e o mais imoral dos idiomas no que se refere à definição de infância

Os esquimós têm diversos nomes para indicar a neve. Para eles, cada tipo de neve é uma coisa diferente de outro tipo. Para os povos da floresta, cada mato tem um nome específico. Os habitantes dos desertos têm nomes diferentes para dizer "areia", conforme as características específicas que ela apresenta. Para conviver com seu meio ambiente, cada povo desenvolve sua cultura com palavras distintas para diferenciar as sutilezas do seu mundo. Quanto mais palavras distinguindo as coisas que as rodeiam, mais rica é a cultura de uma população.
Os brasileiros urbanos desenvolveram sua cultura criando nomes especiais para diferenciar o que, para outros povos, seria apenas uma criança.
A sociedade brasileira criou palavras que distinguem cada criança conforme sua classe, sua função, sua casta, seu crime .
Para poder circular com segurança nas ruas de suas cidades, os brasileiros do começo de século 21 têm maneiras diferentes para dizer "criança". Não se trata dos sinônimos de antigamente para indicar a mesma coisa, como "menino", "guri", "pirralho". Agora, cada nome indica uma sutil diferença no tipo de criança. O português falado no Brasil é certamente o mais rico e o mais imoral dos idiomas do mundo atual no que se refere à definição de criança. É um rico vocabulário que mostra a degradação moral de uma sociedade que trata suas crianças como se não fossem apenas crianças.
Menino-de-rua significa aquele que fica na rua em lugar de estar na escola, em casa, brincando ou estudando, mas tem uma casa para onde ir - diferenciado sutilmente dos meninos-de-rua, aqueles que não apenas estão na rua, mas moram nela, sem uma casa para onde voltar. Ao vê-los, um habitante das nossas cidades os distingue das demais crianças que ali estão apenas passeando.Flanelinha é aquele que, nos estacionamentos ou nas esquinas, dribla os carros dos ricos com um frasco de água em uma mão e um pedaço de pano na outra, na tarefa de convencer o motorista a dar-lhe uma esmola em troca da rápida limpeza no vidro do veículo. São diferentes dos esquineiros, que tentam vender algum produto ou apenas pedem esmolas aos passageiros dos carros parados nos engarrafamentos. Ou dos meninos-de-água-na-boca, milhares de pobres crianças que carregam uma pequena caixa com chocolates, tentando vendê-los mas sem o direito de sentir o gosto do que carregam para outros.
Sutis diferenças
Prostituta-infantil já seria um genérico maldito para uma cultura que sentisse vergonha da realidade que retrata. Como se não bastasse, ainda tem suas sutis diferenças. Pode ser bezerrinha, ninfeta-de-praia, nina-da-noite, menino ou menina-de-programa ou michê, conforme o local onde faz ponto ou gosto sexual do freguês que atende. E tem a palavra menina-paraguai, para indicar crianças que se prostituem por apenas um real e noventa e nove centavos, o mesmo preço das bugigangas que a globalização trouxe de contrabando, quase sempre daquele país. Ou menina-boneca, de tão jovem que é quando começa a se prostituir, ou porque seu primeiro pagamento é para comprar a primeira boneca que nunca ganhou de presente.
Delinqüente, infrator, avião, pivete, trombadinha, menor, pixote: sete palavras para o conjunto da relação de nossas crianças com o crime. Cada qual com sua maldita sutileza, conforme o artigo do código penal que cabe, a maneira como aborda suas vítimas, o crime ao qual se dedica...
Podem também, no lugar de crianças, serem boys, engraxates, meninos-do-lixo, recicladores-infantis, de acordo com o trabalho que cada uma delas faz.
Ainda tem filhos-da-safra, para indicar crianças deixadas para trás por pais que emigram todos os anos em busca de trabalho nos lugares onde há empregos por bóias-fria, nome que indica também a riqueza cultural do sutil vocabulário da realidade social brasileira. Ou os pagãos-civis, vivendo sem registro que lhes indique a cidadania de suas curtas passagens pelo mundo, em um país que lhes nega não apenas o nome de criança, mas também a existência legal.
Criança-triste
Como resumo de todos estes tristes verbetes, há também criança-triste: não se refere à tristeza que nasce de um brinquedo quebrado, de uma palmada ou reprimenda recebida, ou mesmo da perda de um ente querido. No Brasil há um tipo de criança que não apenas fica ou está triste, mas nasce e vive triste - seu primeiro choro mais parece um lamento pelo futuro que ainda não prevê do que um respiro no novo ar em que vai viver, quando pela primeira vez o recebe em seus diminutos pulmões.
Criança-triste, substantivo e não adjetivo, como um estado permanente de vida: esta talvez seja a maior das vergonhas do vocabulário da realidade social brasileira. Assim como a maior vergonha da realidade política é a falta de tristeza no coração de nossas autoridades diante da tristeza das crianças brasileiras, com as sutis diversidades refletidas no vocabulário que indica os nomes da criança.
A sociedade brasileira, em sua maldita apartação, foi obrigada a criar palavras que distinguem cada criança conforme sua classe, sua função, sua casta, seu crime. A cultura brasileira, medida pela riqueza de seu vocabulário, enriqueceu perversamente ao aumentar as palavras que indicam criança. Um dia, esta cultura vai se enriquecer criando nomes para os presidentes, governadores, prefeitos, políticos em geral que não sofrem, não ficam tristes, não percebem a vergonhosa tragédia de nosso vocabulário.
Quem sabe não será preciso que um dia chegue ao governo uma das crianças-tristes de hoje, para que o Brasil torne arcaicas as palavras que hoje enriquecem o triste vocabulário brasileiro e construa um dicionário onde criança... seja apenas criança.
Cristovam Buarque